sábado, 7 de janeiro de 2012

Natal Ortodoxo...

  Hoje é Dia de Natal !!!
  Sim, é verdade! Para os Cristãos Ortodoxos de todo o Mundo, que se estimam em mais de 300 milhões, comemora-se hoje, 7 de Janeiro, o dia de Natal. 
  Tentemos perceber o porquê.


 Prende-se tal divergência relativamente à data do Natal Católico e Protestante a 25 de Dezembro, com duas ordens de razões - uma religiosa e outra meramente científica.
  Vejamos primeiramente a religiosa.
  As Igrejas Ortodoxas separaram-se da Igreja Católica em 1054.


 O início do Cristianismo ocorrido em pleno Império Romano, fez com que aquele aquando da sua difusão e posterior legalização pelo Imperador Constantino através do Édito de Milão em 313 e  após 391/392 quando foi declarada religião oficial do Império Romano pelo Imperador Teodósio I, tivesse em Roma a sua capital natural.


 Com a divisão do Império Romano em Ocidental e em Oriental, vieram-se a acentuar as divergências políticas e religiosas bem como posteriormente doutrinárias, o que culminou na não aceitação pelo Oriente da primazia do Papa em Roma.



 Ficou deste modo a cristandade assim dividida entre a Igreja Católica Apostólica Romana a Ocidente e a Igreja Católica Apostólica Ortodoxa ou simplesmente Igreja Ortodoxa Oriental a Oriente. Não esquecer que a palavra  "Católica"  significa tão só,  "Universal" .


 Países hoje maioritariamente Ortodoxos: Bielorrússia, Bulgária, Chipre, Geórgia, Grécia, Macedónia, Moldávia, Montenegro, Roménia, Rússia, Sérvia e Ucrânia.


 Temos assim na União Europeia 4 países maioritariamente Ortodoxos: Bulgária, Chipre, Grécia e Roménia.

Saiba mais sobre as Igrejas Ortodoxas:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_Ortodoxa

 Agora a razão científica, que se prende com o calendário.
 A elaboração de um calendário foi desde sempre, e ainda é, uma questão científica de ponta. 
 A necessidade de se saber em que altura do ano se está, adquiriu especial importância sobretudo aquando da difusão da agricultura, basicamente para efeitos de sementeiras; conjugado com o facto de a duração do ano não só não ser um número inteiro de dias, como inclusivamente ir diminuindo ligeiramente  em dias ao longo dos milénios, devido ao abrandamento da velocidade de rotação da Terra (aquando da sua formação, um dia tinha a duração de apenas 6 horas !!! ), sempre fez da questão da elaboração de calendários, algo de extremamente complexo.

 Uma vez mais, foi o Império Romano quem deu uma primeira grande resposta com a elaboração do Calendário Juliano, encomendado por Júlio César, que não fazendo a coisa por menos, reservou logo  para si o nome de um mês (Julho), a par dos nomes dos primeiros meses do "seu" calendário, dedicados a deuses ( Júlio César portanto a ter-se por um deus e a querer ficar para a posteridade registado no calendário, o que conseguiu, se bem que o comum dos mortais hoje ignore a razão de ser do nome dos meses).

 Não se querendo ficar atrás, o sobrinho que lhe sucedeu, Octávio César Augusto,  reservou também para si outro mês (Agosto) e ambos a não se contentaram com meses de dias pequenos, chuvosos ou frios, tendo "exigido" os meses dos dias enormes, solarengos e quentes e ainda, meses com o maior número de dias possíveis - 31, os únicos dois meses com o mesmo número de dias  consecutivos  dentro de um mesmo ano , e logo o máximo - 31, que isto que quem pode, pode!, à custa naturalmente do "coitado" do Fevereiro, que se viu reduzido às dimensões mínimas  de 28 dias, que já bem pequenos são os seus dias.


 Com estas pretensões nada imodestas, os Imperadores Júlio César e Octávio César Augusto empurraram  em dois meses todos os restantes meses do segundo semestre do ano, ou será que nunca tinham reparado no absurdo de Setembro (sete) ser o nono mês, Outubro (oito) ser o décimo mês, o mesmo para Novembro (de nove!), mas agora décimo primeiro, e Dezembro (dez) ficar sendo o 12º mês do calendário? Provavelmente com esse gesto nada pretensioso nem vaidoso, foram extintos logo à nascença os eventuais meses "onzembro "e "dozembro"......lol !!!


  Ora bem, o calendário Juliano, substituiu o calendário romano e tinha  anos bissextos de 4 em 4 anos.
  Dirão que é tal e qual como hoje.
  Errado !!!
  No calendário em vigor nem sempre há anos bissextos (com 29 de Fevereiro) de 4 em 4 anos ... os anos de 1700, 1800, 1900 que em condições normais seriam bissextos não o foram, assim como não o serão os anos de 2100, 2200 e 2300.E porquê ? Por causa da duração do ano terrestre, que é atualmente de 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 46 segundos. Ora é nestas 5 horas, 48 minutos e 46 segundos que reside o grande problema.
  A introdução do ano bissexto de 4 em 4 anos, resolveu a parte principal do problema, mas ficou um diferencial bem mais fino e quase indetável assim às primeiras. É que o 29 de Fevereiro de 4 em 4 anos, representa um acerto de 24 horas, ou seja, seis horas a mais por cada ano. Pois é, mas a duração do ano excede os 365 dias em apenas 5 horas, 48 minutos e 46 segundos. Ou seja todos os anos, pelo calendário juliano se introduziam 11 minutos e 14 segundos a mais, fazendo com que o calendário se atrasasse um pouco em relação à realidade, uma vez que o tempo era vivenciado e o calendário não avançava os tais 11 minutos e 14 segundos.. Dirão que ninguém se iria preocupar pelo facto de haver mais 11 minutos e 14 segundos num ano.
 De facto ao principio quase ninguém deu pela coisa que foi passando despercebida. Mas e em 100 anos ? Já são mais do que 1123 minutos, ou seja, quase 19 horas,  bem mais de  meio dia. Será que alguém dá pela diferença ? O cidadão comum certamente que não.
 Mas e em mil anos ? Bem, agora o problema começa a ser bem mais notório Já são mais  de 11 233 minutos. Mais de 187 horas. Que representam mais de 7 dias., quase oito.Uma semana inteira de atraso do calendário relativamente à realidade, uma vez que o calendário contempla tempo a mais. O calendário começa a não bater certo. Foi o que sucedeu e já era claramente visível  aquando dos solstícios, sobretudo nos de verão, que quando surgia o dia maior do ano, ainda o calendário só marcava 12 ou 13 de Junho, quando já deveria marcar 21 ou 22 de Junho.
  Foi só em 1577 que se decidiu atacar o problema de frente. E foi desta vez a Igreja Católica Romana quem tomou a iniciativa, uma vez que sobretudo devido à marcação da solenidade da Páscoa, que acontece no  domingo seguinte à primeira lua cheia da primavera, sentia a necessidade de haver coerência com o calendário, que tal como estava fazia com que a Páscoa ficasse tantas e tantas vezes bem mais cedo no mês de Março do que deveria ser.
 Foi o Papa Gregório XII quem encomendou a reformulação do calendário juliano com vista à sua adequação à realidade e que foi promulgado em 1582, vindo a ser conhecido por calendário gregoriano e que ainda hoje vigora.
 E em que consistiu tal reformulação ? Basicamente no acerto do tempo de desfasamento que se tinha acumulado ao longo dos séculos e na tomada de medidas para que tal não voltasse a suceder. Para tal houve necessidade de estimar a duração do ano com grande rigor. A estimativa foi de facto bastante boa - 365 dias, 5 horas, 49 minutos e 12 segundos. Uma diferença portanto relativamente ao valor atual de apenas 26 segundos.
  O calendário juliano, com anos bissextos todos os 4 anos, tinha entrado em vigor em 46 a.c. Pelos cálculos de 1582, o dia 29 de Fevereiro sempre de 4 em 4 anos, implicou uma introdução a mais de 10 minutos e 48 segundos a cada ano que passou. Ora em 1582, já tinham decorrido 1582 + 46 = 1628 anos. Tinham assim sido introduzidos por essa via no calendário um total de 1628 x (10 min 48s ) = 17 582 minutos extra. Minutos inexistentes portanto, que correspondiam a um total de 293 horas. 293 horas fantasmas que nunca existiram, correspondentes a 12 dias, que o calendário fez questão que existissem, mas que na realidade nunca ocorreram !


(C O N T I N U A)

Sem comentários:

Enviar um comentário