sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Um Natal diferente ...

 É sem duvida um Natal diferente ...
 Desde logo porque é "apenas" um fim de semana .
 Mas sobretudo porque todos sentimos que será apenas o primeiro, de muitos outros que se seguirão, com muito desemprego, com mais pobreza, sem grande futuro para os portugueses mais jovens.
 Encontramo-nos na véspera da Batalha de Alcácer Quibir. Que sabemos que iremos perder. Que é impossível vencer, perante adversários fortes, jovens, disciplinados, ávidos de glória e determinados.
 Estamos envelhecidos, desmotivados, sem ideais, desorientados, sem rumo,  com um "exército" impreparado e sem generais que nos conduzam.
 Seguir-se-ão os dias de nevoeiro. Muitas manhãs esperando o  regresso de um qualquer Desejado. Que não virá!
 Esperam-nos provavelmente outros 60 anos sem soberania, governados por estrangeiros, sem estratégia própria. Faremos o que nos mandarem. E agradeceremos o pouco que nos derem. É o nosso fado !

Camões, Os Lusíadas, Canto III, a propósito de D. Fernando,"O Formoso", que já nessa altura a vaidade e as aparências eram das nossas grandes pechas :

138 - D. Fernando

"Do justo e duro Pedro nasce o brando,
 (Vede da natureza o desconcerto!)
 Remisso, e sem cuidado algum, Fernando,
 Que todo o Reino pôs em muito aperto:
 Que, vindo o Castelhano devastando
 As terras sem defesa, esteve perto
 De destruir-se o Reino totalmente;
 Que um fraco Rei faz fraca a forte gente.

  

Foram de facto muitos reis fracos. Durante as últimas duas, três décadas! 

Sobreviveremos? Certamente que sim, que somos um povo talhado no sofrimento

e na dor.

 

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
 
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quere passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abysmo deu,
Mas nelle é que espelhou o céu.

(Fernando Pessoa, Mar Portuguez)

  Encontraremos ânimo na nossa história e nos nossos poetas,

no nosso humanismo e no ideal universal que fez de nós Portugueses !

 

 

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