quinta-feira, 16 de agosto de 2012

O Manel Ceguinho...


 Terminados que estão os Jogos Olímpicos de Londres, pode-se agora em jeito de balanço afirmar que se constituíram numa assinalável afirmação do contributo britânico ao Mundo, reforçado por uma capacidade organizativa simplesmente exemplar bem como pelo empenho, participação, sentido cívico, mobilização, simpatia e hospitalidade de todo um povo. Realçaríamos a generosidade de uma imensa mole humana de voluntários e a exaltação que foi efetuada do Serviço Nacional de Saúde Britânico,


como sendo um dos seus principais contributos civilizacionais ao Mundo, a par de tantos outros em domínios tão dispares.


 Ficou assim bem expresso mais uma vez, a afirmação por parte de um dos membros mais influentes da União Europeia, que o Modelo Social Europeu é uma conquista civilizacional da Humanidade, e que sobretudo os respetivos Serviços Nacionais de Saúde são inegociáveis, e tanto assim é, que em todos os demais blocos económicos, tal é o referencial de bem estar social a que todos os povos aspiram alcançar.

  Posto isto, reinicia-se agora todo um novo ciclo desportivo que culminará em 2016 no Rio de Janeiro, naquela que será a primeira vez que o movimento olímpico se reunirá na América do Sul e num país da lusofonia, com o gigante Maracanã


a ser transformado no palco das cerimónias de abertura e de encerramento dos próximos Jogos, e onde se disputarão também os encontros de futebol, se bem que não será a sede das competições de atletismo que decorrerão no, esse sim, Estádio Olímpico João Havellange,


e ainda por sua vez o autódromo de Jacarepaguá virá a ser transformado em Parque Olímpico.



 Aquele que foi o maior estádio do mundo, o estádio do Maracanã, e que ainda hoje detém o record da maior assistência a um jogo de futebol (quase 200 mil espetadores), sendo que apesar dos sucessivos melhoramentos que sobretudo por razões de segurança lhe foram sendo introduzidos e lhe foram diminuindo a capacidade de espetadores, ainda é o maior do mundo em área ocupada, encontra-se mais uma vez em obras de remodelação, sendo este o ponto da situação há menos de 6 meses,


 e que lhe permitirá  albergar já em 2013 a Taça das Confederações em futebol,


as cerimónias e os jogos de abertura e de encerramento do Campeonato Mundial de futebol em 2014,


 e claro está, as cerimónias de abertura e de encerramento dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro de 2016,


 que sabe-se já, serão da responsabilidade de um português de Viseu, se bem que radicado no Brasil há mais de 50 anos - Abel Gomes. Conheça a história deste beirão que terá a seu cargo tamanha responsabilidade:

http://oglobo.globo.com/rio/abel-gomes-cerimonias-das-olimpiadas-serao-desafio-3279715

 Não será muito difícil prever, que atendendo à rotatividade continental, seguir-se-á provavelmente em 2020 o mundo islâmico na receção do movimento olimpico, com a Turquia ao fazer a ponte entre a Europa e Ásia, e mais ainda, entre o mundo dito ocidental e o mundo islâmico mais moderado, muito bem colocada para o efeito, como de resto já em dezembro último tínhamos prognosticado:

http://clubeuropeuessl.blogspot.pt/2011/12/jogos-olimpicos-de-2020.html

  Falta já pouco para o respetivo anúncio, que ocorrerá no próximo dia 7 de Setembro em Buenos Aires, na Argentina. 


  Em 2024, África quererá e com toda a justiça ser palco também e pela primeira vez da Organização do maior evento mundial, pelo que a sua linha da frente, ou seja a República da África do Sul se posicionará a jeito, apresentando a candidatura da sua cidade mais emblemática - a Cidade do Cabo.


 Não venceu em 2004, tendo perdido para Atenas, quando os Jogos voltaram a casa, mas na próxima a vitória sorrir-lhe-á por certo e com todo o merecimento.
 Bartolomeu Dias terá então o seu reconhecimento universal e mais uma vez o Adamastor e o cabo da Tormentas serão transformados em Cabo da Boa Esperança para todo um continente que tão fustigado tem sido pelo sofrimento e pela dor.


  Já em 2028, o segundo país mais populoso do mundo, não quererá por certo alhear-se dos restantes em termos de acolhimento e de recuperação do seu atraso do ponto de vista atlético que chega a ser confrangedor, pelo que a Índia, a manterem-se os atuais níveis de crescimento económico se posicionará para a organização dos Jogos Olímpicos, provavelmente com a sua capital Nova Delhi, sendo o último dos pujantes BRICS - Brasil, Rússia, Índia, China e South África a fazê-lo.



As enormes dimensões territoriais, a imensa população, os recursos naturais quase inesgotáveis, a juventude, o querer vencer, a pouca divida pública e o estado social de reduzidas dimensões facilitarão toda essa ascensão.


Os MIST seguem-lhes as pisadas - México, Indonésia, Coreia do Sul e Turquia, dos quais apenas a Turquia e a Indonésia ainda não tiveram a honra de receber os Jogos Olímpicos.


 Bem, então e nós ?
 Infelizmente continuaremos a integrar os P I I G S - Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha,


que a falta de dimensão territorial, a falta de gente, a falta de recursos naturais, a população envelhecida, o pouco gosto pelo risco e o conformismo com o nosso fado, a falta de disciplina e de pontualidade a propósito de tudo e de nada, o irrealismo arreigado e as utopias recorrentes, a imensa divida publica e um estado social configurado muito acima das nossas possibilidades, aliado a uma tremenda falta de rigor a todos os níveis da nossa sociedade, não nos deixarão alternativas nas décadas mais próximas.

 Estudo PISA / 2009, será coincidência ?


 Desportivamente, e no dia em que se inicia mais uma edição da Volta a Portugal em bicicleta, que se constitui sempre como a festa de reencontro de Portugal consigo mesmo, e com os portugueses que vivem fora do país, continuaremos a ser um pouco como o Manel Ceguinho, o protótipo do português voluntarioso mas inconsistente e inconsciente, sobrevalorizado as suas capacidades e forças, mas incapaz de as saber dosear e sobretudo incapaz de manter um rumo coerente e de médio e longo prazo, e acima de tudo, incapaz de olhar com olhos de ver, negando as realidades, que como é bem sabido, não há maior cego do que aquele que não quer ver.




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